sábado, 14 de fevereiro de 2015

Memórias


Olho simplesmente para trás.
Há dias que acordo desejando olhar para trás.
Querendo trazer ao presente o palco da fantasia,
esse mesmo palco com um buraco de desgaste
de tanto ter sido feliz nele.
Querendo amplificar a minha voz no espírito,
de modo a ouvir-me, de modo a ouvir a sinfonia,
orgânica, com que as sensações se revelam em mim.
A vida é estranha e incrivelmente simples.
É uma mera sucessão de acontecimentos
que fluem com o tempo, inexoravelmente
e que desvanecem com ele até à morte.
Não existe nada que impeça a diluição do passado,
que troque o tempo, que o engane,
que o martirize ao ponto de deixar de ser tempo,
de passar a ser um corpo moldado
pelas exigências inúmeras desta vida cansada.
Existe somente a memória,
armário cerebral indescritivelmente engendrado,
com gavetas sem fundo, de madeira consumida
e a não ser mais madeira pelos desgostos sofridos.
A memória a ser uma máquina avançada,
a ser o âmago que faz de nós humanos lúcidos.
Não deveríamos querer lembrar de tudo,
nem sequer reter tudo.
Existe uma seleção natural que se ergue,
altruísta, dirigindo o passado.
Que descarta imagens, avivando outras,
que torna invisuais as lembranças já insípidas.
Olho para trás não por exigência afetiva
ou por abundante nostalgia.
Olho para lembrar uma vez mais
que não sou só presente, que o meu corpo,
este corpo de devaneios descontrolados,
são estratos acumulados com o tempo,
renovados com o medo de os não ter mais,
polidos com a lembrança que deles tenho.
Tudo são memórias.
Não carregas uma ida à praia às costas,
Não sustentas no colo, como uma criança tua,
a quantidade de saudações que te dirigiram.
Nem a ausência delas sentes nos ombros
Como pesos mortos a moldarem um corcunda.
Tudo se manifesta interiormente,
numa amálgama de memórias perseverantes,
em movimentos de corpo saudáveis
que são a vida toda a não retaliar a alegria momentânea. 

Octávio Carvalho

"O Excêntrico Mortdecai"

Título Original: "Mortdecai"
Director: David Koepp
Writers:
Screenplay - Eric Aronson
Novel - Kyril Bonfiglioli 
Stars: 
Johnny Depp
Gwyneth Paltrow
Ewan McGregor
Paul Bettany 
Classificação IMDb: 5,5 

Típico filme de comédia. Bom, mas não surpreende.
Johnny Depp desempenha o seu papel na perfeição, tal como já nos tem habituado em filmes anteriores. Com uma versatilidade que espanta e uma, digamos, inclinação natural para o humorismo, consegue criar, à volta da personagem, um universo de pouca seriedade e, ao mesmo tempo, com um charme de filantropia em decadência. Diálogos cómicos, deixas absurdas, trejeitos de face e actos que não se coadunam à situação, são algumas das particularidades que dão alento ao plot.
Cruzando-se com a comédia, no submundo da arte pilhada e falsificada, surgem redes de traficantes que estão dispostos a tudo para conseguirem quantias avultadas de dinheiro ou então, por obsessão de coleccionador, para preencherem o vazio de uma colecção incompleta. No meio de tudo isto, Mortdecai confronta-se com dívidas por liquidar e com a necessidade premente de conseguir dinheiro para que tudo aquilo que conquistou com esforço não se desmorone. A única solução é recuperar uma obra de arte roubada pela qual muitos coleccionadores eram capazes de pagar uma fortuna. Segundo se consta, por trás do quadro reside um código que abre uma conta bancária secreta na Suíça recheada de ouro nazi. 
Todos os atores desempenharam com sucesso o papel que lhes foi incumbido, dentro das limitações do mesmo. Contudo, não passa de um filme de comédia ao nível de tantos outros do mesmo género.

Classificação pessoal: 6,0
Link da página do filme no IMDb:

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Shadowside

Shadowside
Shadowside é uma banda brasileira de metal formada na cidade de Santos, em São Paulo. Com três discos já lançados (“Theatre of Shadows” – 2005/2007; “Dare to Dream” – 2009/2010; “Inner Monster Out” – 2011) e um demo EP (“Shadowside” – 2001), esta banda portentosa e cheia de energia é considerada uma das melhores bandas do género no Brasil e tem-se vindo também a afirmar positivamente no panorama do metal a nível internacional. Garra, intensidade e originalidade, tanto nos ritmos como nas letras, são os conceitos que regem a banda. Com várias turnés efetuadas pelo mundo inteiro, inclusive a turné com a fabulosa banda alemã Helloween no Brasil, Shadowside tem conquistado uma legião de fãs considerável. Por alguns desses fãs, a banda é também apelidada de "Brazilian Metal Hurricane". 

Elementos da banda:
Vocalista - Dani Nolden 
Guitarrista - Raphael Mattos
Baixista - Fabio Carito
Baterista - Fabio Buitvidas 

Links da página oficial da banda e do facebook:
http://www.shadowside.ws/pt/ 
https://www.facebook.com/shadowsideband?ref=ts&fref=ts

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Os cães também choram

© Copyright - Pic.3
Tema: Fauna 
"Não importa se os animais são incapazes ou não de pensar. O que importa é que são capazes de sofrer."
Bentham, Jeremy

Marguerite Duras

© Copyright
Tema: Lazer
"Caminhais em direcção da solidão. Eu, não, eu tenho os livros."

Duras, Marguerite

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Handmade Sandals by Cris Azevedo


Sandálias azuis e amarelas para menina feitas em crochê com algodão. Aceitam-se encomendas. Os interessados podem entrar em contacto via e-mail. Terei todo o prazer em responder a qualquer questão ou esclarecer qualquer dúvida. Muito Obrigado!
P.S. Podem, se assim o preferirem, personalizar as sandálias à vossa maneira, escolhendo as cores, os elementos a aplicar, ou mesmo enviando para o e-mail acima uma fotografia com um exemplo daquilo que pretendem que seja feito. Garante-se, acima de tudo, exclusividade no produto!
Criadora: Cris Azevedo  
E-mail de contacto: sheldonrajcooper2@gmail.com

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Céu Diáfano

© Copyright - Pic.2 
Tema: Natureza 
Local: Praia da Madalena, Vila Nova de Gaia  
O céu estranhamente azulado é uma manifestação evidente de que ainda existe verão. O passadiço comprido feito de madeira e dos pensamentos das pessoas que o percorrem, é uma vereda que convida à reflexão interior e à contemplação. O mar, bravo aquando da captação fotográfica, é uma visão transcendente que obriga a uma introspeção profunda, a um esquecimento quase involuntário das complicações que martirizam. Um cenário que conduz a uma vontade de me sentar na passagem infindável, com os pés calçados a tocarem na areia fina, de imortalizar o momento com uma inclinação do corpo que permita horizontalizar o panorama. Assim fico eu, entregue à brisa que corre, meditando profusamente sobre os mistérios da existência humana. Existe paz e eu sinto-a!